quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Ploft!

Acordei com uma secura na boca
um gosto amargo de ausências
uma dor cancerígena atravessava meu estômago
Ah! eu tenho um rombo, sou um buraco, uma vala,
um poço sem eira nem beira
no fundo não tem nem água nem ouro, só lama!
Acordei assim meio atravessada, de supetão, já acordei sem ar,
chupando pelas venta um ar que doía, o coração cambaleava. Mas que porra é essa?
Nem eu sabia.
Será pavor ao tédio, ansiedade, angústia ou paixão?
Nesse mundo de carroça de aço e barulho de ventilador, eu fico ariada, me confundo toda
as coisas que sinto, às vezes, parece uma só! Começam todas no estômago!
Mas que fome que eu to! Mas de comida não é não, provei por A+B
que quatro pão com manteiga pra quem é pequena como eu bastava quisó,
excedia, e a dor que lateja cortante, perfurava e tomava conta de mim!
E agora o que eu faço?
Rezei tudo de reza que conhecia, que na escola a gente era obrigado a saber,
pedi com minhas palavras as rezas que não existiam,
até me benzi 10 vezes, que 10 é número fechado,
e eu não gosto quando termina em número ímpar não que fica ruim pra dividir,
e contar direito eu nunca soube.
Eu sentia que ia desaparecer sabe, passei a ter medo de acordar
e simplesmente ter desaparecido,
assim, ploft!
Porque eu sentia que meu coração ia ficando pequeninim,
deste tamanhim, e sem o coração eu não existo,
podia até não desaparecer, mas ia virar zumbi, ninguém ia me reconhecer,
nem eu, nem minha mãe, meu cachorro, meu piriquito, meu vizinho...
Sem sentir eu não vivo, deus me livre ser dormente, dizem que tá dando em muita gente por aí né
mas em mim não pega não, aqui o coração lateja
e sai matando cachorro a grito!!!
Mas já faz uma semana que acordei assim e não passa, de verdade,
sejam sinceros comigo, é possível alguém sumir assim do nada, ploft?

Notas sobre ele


Ele me dava tremeliques
me chacoalhava por dentro
me fazia dançar uma dança nervosa
De tudo que ele podia me dar,
ele me dava o tremor nas pernas
e era isso que ele me dava, apenas isso,
e eu odiava,
de tudo o que ele podia me dar,
o que eu menos queria era isso,
a boca que tremendo não conseguia fechar,
eu odiava caçar migalhas, eu odiava a ânsia.
Os pés pesados fincavam no chão,
mas o resto do corpo flutuava, avoava, navegava,
mas nunca de maneira suave.
De tudo que ele podia me dar,
ele me dava os tremeliques e nada mais.
E o pior é que mesmo odiando eu gostava.